Marrakech - dicas e sugestões

 Marrakech é uma antiga cidade imperial, situada no centro-sudoeste de Marrocos e é por muitos conhecida como a cidade vermelha, já que os seus edifícios ocre ganham uma tonalidade avermelhada com o sol do entardecer. De facto, foi o vermelho e todas as outras cores desta cidade que me fascinaram. Venham descobrir os recantos da cidade das mil e uma cores, aromas e sons

Marraquexe divide-se em duas zonas.
A zona nova.
Onde existem aglomerados de prédios, escolas, universidades, clínicas, hospitais, escritórios,...






E a zona antiga.





Na realidade, a zona antiga é tudo o que se localiza dentro da Medina. Para quem possa não estar tão familiarizado com o tema, uma Medina é uma povoação construída dentro de uma grande muralha. No seu interior, para além das habitações encontramos uma praça central (deste caso Jemaa el-Fna), pelo menos uma mesquita (neste caso a mais importante, a mesquita Koutoubia), um souk (mercado) e um palácio.

Como ir?
Na realidade, podemos chegar a Marrocos de carro, barco ou avião. Partindo de carro de Portugal, podemos fazer a travessia por ferry boat em Tarifa ou Algeciras (Espanha) e entrar em Marrocos em Tanger ou Ceuta. Caso optem por esta travessia, devem fazer reserva atempadamente e podem fazê-lo aqui. Caso não pretendam fazer a travessia com o vosso próprio carro, podem, ao entrar em Marrocos, alugar uma viatura, ou optar pelos transportes disponíveis. No meu entender, este tipo de viagem apenas se justifica para quem pretende fazer um circuito pelo país, uma vez que o mais cómodo e rápido será optar por viajar de avião.

Existem voos regulares para Marrakech que duram pouco mais de 1h, operados pela TAP e outras companhias aéreas. Existem ainda voos para Marrakech com escalas noutras cidades de Marrocos, o que pode ser ideal para quem pretende fazer uma escapadinha a outra cidade marroquina. Para quem prefere poupar uns trocos, saibam que existe voos Rayanair partindo do Porto às 2ªs, 4ªs e 6ªs.
Independentemente da forma como pretendem chegar a Marrocos, não se esqueçam de que necessitam de passaporte com validade mínima de 6 meses. Para cidadãos portugueses não será necessário visto.
Quando ir?
Se vos dissesse que todo o ano é boa altura para visitar Marrakech, estaria a mentir. Evitem os meses de julho e agosto, uma vez que as temperaturas são elevadíssimas nessa altura do ano, o que vos dificultará a visita. Eu viajei em outubro e, mesmo assim, as temperaturas ainda rondavam os 40ºC.
Dicas de alojamento
A oferta hoteleira em Marrakech reflete a diversidade desta cidade única. Se, por um lado, temos hotéis e resorts, por outro temos os riads que, a meu ver, refletem bem mais a cultura e o encanto marroquino.
Os riads são construções típicas das Medinas. Pequenos palacetes com fachadas simples e sem janelas voltadas para o exterior. No seu interior, estruturam-se em torno de um pátio central, geralmente ajardinado e/ou com uma fonte mesmo no centro. Atualmente, estima-se que mais de 800 riads em Marrakech tenham já sido convertidos em alojamentos típicos.






 Principais locais a visitar
Praça Jemaa el-Fna


Classificada como Património Mundial pela Unesco em 1985, esta praça é, de todas as que já conheci, a mais emblemática. Aqui encontramos desde os célebres encantadores de serpentes, passando por macacos malabaristas, curandeiros, videntes, contadores de histórias, músicos e bailarinos… Um verdadeiro circo a céu aberto. Mas a praça não é sempre assim.



Desafio-vos que a visitem, pelo menos, em 3 ocasiões distintas ao longo do dia e, para finalizar, escolham um dos vários rooftops para assistirem ao pôr do sol e à completa transformação da praça dos 1001 ofícios.




Mesquita Koutoubia


 
A Mesquita Koutoubia encontra-se fechada ao público e apenas podemos visitar o seu jardim e zona envolvente. Este é, sem dúvida, um dos maiores ícones da cidade e é observável desde qualquer ponto de Marrakech, já que tem cerca de 70m de altura e é completamente proibido construir algum edifício mais alto. Este será um excelente ponto para vos orientar na visita a esta cidade e quando se perderem mais de 1300 vezes na Medina.

Jardins de Menara



Jardim com considerável extensão, onde nos podemos "perder" e divagar um pouco, afastados de toda a agitação da cidade. Neste jardim encontramos o palácio que o sultão Abd-el-Rhaman escolhia para ficar no verão com as suas concubinas e, reza a lenda, que quando se fartava de alguma, a atirava ao tanque, onde imediatamente se transformava em carpa. Verdade ou não, não sabemos. Certo é, que se ficarmos um pouco a observar o tanque, vemos dezenas de carpas a saltar…

Túmulos Saadianos


Conjunto de túmulos onde estão sepultados mais de 60 membros da dinastia saadiana dos séculos XVI e XVII. O edifício é composto por 3 salas: uma para o rei, outra para a mulher e os seus filhos e a terceira para os empregados da família real.

Madraça Ben Youssef


É possível visitar esta interessantíssima escola islâmica que, embora já não esteja em funcionamento, nos permite aprender um pouco mais sobre a educação, a arte e a arquitetura islâmicas.


Jardim Majorelle


O nome deste magnífico jardim deve-se ao seu fundador Jacques Majorelle. Com cerca de 1 hectare de extensão, este espaço de inspiração islâmica, alberga cerca de 3000 espécies botânicas, com cerca de 1800 espécies de catos e mais de 400 variedades de palmeiras.






Foi esta imponência que, em 1980, apaixonou Ives Saint Laurent, na sua primeira visita a Marrakech e que o fez de imediato decidir comprar toda a propriedade. Atualmente, encontramos no seu interior um memorial a Ives Saint Laurent, tendo as suas cinzas sido espalhadas no roseiral da casa (Maison des Ilustres).


Bem próximo do Jardim Majorelle, encontramos o Museu Ives Saint Laurent.






Aconselho a quem pretender visitar estes espaços, que o faça logo pela manhã, uma vez que são locais de muita afluência e quem gosta de visitar um jardim apinhado de gente!?…

Para quem pretender visitar jardim e também o museu, aconselho a dirigirem-se de imediato à bilheteira do museu e não à do jardim, dado que aí também será possível comprar o bilhete combinado e pouparão alguns minutos nas filas.
Palácio da Bahia






É uma das obras mais importantes de toda a cidade. Demorou cerca de 10 anos a construir e estende-se por 8 hectares.
Esta foi, em tempos, a morada oficial do rei, que partilhava o palácio com as suas 4 esposas oficiais e 24 concubinas, assim como todos os seus filhos. Os quartos mais exuberantes seriam os das esposas, enquanto que os mais modestos os das concubinas.

Banhos de Marrakech

Os banhos de Marrakech, também conhecidos por banhos Hammam consistem em massagens, exfoliação e vapores, que nos deixam completamente relaxados e com uma sensação de limpeza extrema. São já uma tradição antiga entre os marroquinos, sendo que há muitos anos atrás, este era o único momento de higiene, realizando-se apenas uma vez por semana. Era também um momento de convívio e união.


Se forem a Marrakech, não percam a oportunidade de experimentar um banho Hammam.

Porta Bab Agnou

Esta é uma das portas mais emblemáticas da muralha da Medina. Se gostarem de caminhar, desafiem-se a percorrer o circuito das 1001 portas para perceberem todo o seu encanto.


Jardim Secreto


O Jardim Secreto tem mais de 400 anos, mas só em 2016 abriu as portas ao público. Na realidade, não é um, mas dois jardins. Um islâmico e um exótico.






Localiza-se numa das ruas da Medina e, ao entrar neste recanto, parece que o tempo para e que a confusão da cidade acalma.





Experimentem também subir à torre, para que possam sentir a verdadeira essência de Marrakech. 




Palmeraie


Na periferia de Marrakech encontramos o Palmeraie, uma grande extensão de palmeiras, pontuada por dois ou três resorts de luxo, muito conhecidos pelas suas pool partys. Neste local, e para quem tiver curiosidade em fazê-lo, poderá optar por um tour de camelo.





  
Souks


No meu entender, nenhuma visita a Marraquexe fica completa sem que nos percamos nos labirintos dos souks (os mercados tradicionais), sem que nos embrenhemos nos seus cheiros e texturas e sem que regateemos duas ou três vezes até trazer aquele souvenir ou aquele pacote de especiarias que nunca chegaremos a utilizar.




Na Medina de Marrakech há vários souks. Recomendo que visitem dois ou três, mesmo que não entendam onde termina um e começa o outro.



 

 


A cidade é perfeitamente visitável a pé, embora alguns pontos turísticos fiquem um pouco mais deslocados (como o Jardim Majorelle, o Jardim Menara e o Palmerie), o que, com calor, poderá não ser assim tão fácil. Podem sempre optar por acenar a um táxi, optar pelo tuk-tuk, por uma charrete ou ainda fazer um city tour nos autocarros hop on/hop off.


Esta última opção poderá ser a mais indicada para quem não planeou nenhum roteiro, uma vez que existem paragens nos principais pontos de interesse. O bilhete é válido por 48h e custa cerca de 20€. Podem comprar o bilhete atempadamente ou apenas quando lá chegarem. Junto da Mesquita La Koutoubia, bem pertinho da praça Jemaa el-Fna, encontrarão uma das paragens. Indico-vos esta por ser um excelente ponto de referencia, mas saibam que podem adquirir o bilhete em qualquer uma das paragens espalhadas pela cidade. As mesmas encontram-se devidamente identificadas. 

Como vos prometi, resolvi compilar as questões mais pertinentes que fui recebendo:
Marrakech é seguro?
Sim. QB. Obviamente que será necessário ter algum cuidado com o dinheiro e outros bens pessoais, mas não sentirão maior insegurança em Marrakech do que numa qualquer cidade europeia. Há carteiristas? Há. Principalmente na Medina, onde a confusão pode propiciar esses pequenos furtos. E atenção que não serão apenas homens a cometê-los. Os macacos adoram tirar-nos tudo o que trazemos nas mãos…
Que dinheiro levar?
Na realidade, poderão pagar, na grande maioria dos locais, quer com Dirham (MAD) quer com Euros. No entanto a conversão feita pelos marroquinos poderá ser um pouco inflacionada quando utilizarem Euros. Se possível, utilizem Dirhams e optem por trazer convosco dinheiro mais trocado para poderem regatear e também para poderem dar gorjeta quando querem tirar foto ou pedir alguma indicação. Sim!!! Vão pedir-vos dinheiro para poderem tirar fotos, principalmente dentro da Medina, nas bancadas dos souks e nas atrações da Praça Jemaa el Fna. Ah! E nunca se esqueçam de conferir o troco, já agora.
Podem levar algum dinheiro já cambiado para as primeiras despesas e depois trocar lá, quer na receção do hotel onde ficarem, quer nas várias casas de cambio que encontrarão por toda a cidade.

Que roupa usar?
Bom, eu diria que podem vestir de tudo, desde que tenham bom senso. Obviamente que se encontram num país com crenças e costumes diferentes dos nossos e, portanto, há que se adequar à situação. Não precisarão de andar completamente tapadas, mas evitem saias e calções muito curtos, umbigos à mostra e decotes. Ah! E já agora, não se esqueçam de levar um chapéu para vos proteger nas horas de maior exposição solar e, obviamente, um bom protetor solar.

Quanto tempo devo ficar?
Se o objetivo é apenas visitar a cidade de Marrakech, eu diria que 2 ou 3 dias (completos) serão suficientes. Caso pretendam estender a vossa visita a outras cidades próximas, à Cordilheira do Atlas, às Cascatas de Ouzoud ou mesmo ao deserto, então o melhor é ficarem pelo menos uma semana.

É um destino para crianças?
Já sabem que sou suspeita e que, para mim, todos os destinos são adequados a crianças. Existem imensos espaços que eles vão adorar, nomeadamente os jardins, onde se respira muita paz e tranquilidade e onde poderão correr livremente e em plena segurança ao mesmo tempo que aprendem sobre a botânica deste país. Para além disso, as roupas e os costumes também lhes despertarão a atenção, com toda a certeza. Se o que vos preocupa é a alimentação, saibam que existem muitas opções de comida europeia e também de fast food por todo o lado. Quanto às deslocações dentro da cidade, como vos referi anteriormente, opções não vos vão faltar, caso os vossos pequenos exploradores fiquem cansados. Aproveito só para vos chamar à atenção quanto à segurança dentro das ruas da Medina e também ao atravessar a rua, mas nada que umas cavalitas não resolvam.


Já reservei voo e hotel. É imprescindível marcar transfer?
Imprescindível não diria porque à saída do aeroporto terão logo uma grande praça de táxis, independentemente da hora a que chegarem. No entanto, se optarem por um Riad no interior da Medina, e porque os carros a determinada altura já não conseguem avançar mais para aquele emaranhado de ruas e ruelas, eu recomendaria pedirem transfer ao hotel onde ficarão. Desta forma, alguém do staff do hotel estará em algum ponto à vossa espera para vos levar mesmo até ao local.

Indo apenas por 3 dias, vale a pena fazer um seguro de viagem?
Claro que sim. Imprevistos acontecem e não será necessário permanecer uma semana num local para que algo nos possa acontecer. E muito sinceramente, com todo aquele caos caótico em que ninguém (acreditem que nem mesmo a policia) para numa passadeira para os peões passarem, não será assim tão improvável um simples atropelamento. Vá, para não vos falar das 6000 motas que percorrem o interior da Medina à mesma hora.

Consigo facilmente orientar-me dentro da Medina? Há placas com indicações?
Não e não. A Medina é mesmo uma labirinto de ruas e ruelas e, como se isto não bastasse, as bancadas e lojas são todas muito idênticas o que, ao fim de 5 minutos a andar, já não nos permite voltar com facilidade para o local de onde viemos. Assim sendo, recomendo que optem por uma aplicação de mapas (de preferência que trabalhe em modo offline), como o maps.me.

Tenho de aprender a língua árabe?
Ahahaha!!! Não, claro que não. Até porque me parece que não será tão fácil assim. O marroquinos, com a sua arte de bem receber, falam praticamente todas as línguas. Sim, até português, ou lá o que lhe queiram chamar. Agora a sério, podem falar tranquilamente inglês que conseguirão orientar-se sem problemas.

É adequado visitar Marrakech no decorrer do Ramadão?
Sim. Todos os locais a visitar se encontrarão abertos, embora possam ter um horário um pouco diferente durante esse mês. Poderão obviamente comer e beber durante o dia, mas convém ter o bom senso de não o fazer em locais públicos e apenas nos locais reservados ao efeito.

Não vou conseguir, de todo, comprar álcool?
Vão. Se escolherem bem os locais, vão. Há imensos restaurantes que servem vinho ou outras bebidas. Provavelmente, encaminhar-vos-ão para um local mais reservado, mas poderão disfrutar de uma boa bebida durante um jantar marroquino. Em determinados supermercados, também conseguirão comprar, mas não estranhem se vos entregarem as garrafas ou latas dentro de um saco preto, para que nada se veja. Mais uma vez, há que ter bom senso e não bebam na rua. Guardem para o fazer já dentro do hotel, por exemplo.

Vou gostar de Marrakech?
Com toda, mas mesmo toda a certeza.


Boas viagens. Sejam felizes…
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